Anotações antes da aula.

No ano passado o Banco mundial (Bird) publicou um interessante estudo denominado “Envelhecendo em um Brasil mais velho”, onde apresenta conclusões e recomendações sobre as tendências demográficas do nosso país. Uma das conclusões mais relevantes é referente ao bônus demográfico que vai durar até o ano de 2020.

O bônus demográfico existe quando o número de pessoas em idade ativa é maior do que os dependentes, gerando uma relação proporcional positiva na chamada razão de dependência..  O estudo mostra que temos mais oito anos pela frente, num período decisivo para avançar no desenvolvimento, garantindo recursos e programas eficazes para o atendimento da crescente população na terceira idade e das novas gerações. No que se refere à longevidade existem dois dados a serem considerados com mais atenção: a parcela da população idosa, que representava o equivalente a 11% dos brasileiros em idade ativa em 2005, passará para 49% em 2050; e o contingente de crianças e jovens em idade escolar diminuirá de 50% para 29%, no mesmo período.

Para as empresas e também para os governos é preciso considerar que corremos o risco de ficarmos velhos sem ficarmos ricos, algo que não aconteceu com a Europa. Na Europa a proporção de pessoas com mais de 60 anos cresceu com o equivalente aumento da renda média. Uma das decorrências dessa possibilidade é a pressão sobre os sistemas de saúde e previdenciário.

A redução da proporção de jovens pode facilitar o aumento do orçamento per capita destinado à educação, considerando os investimentos públicos e privados. Nesse sentido o próprio BIRD indica que o valor do investimento por aluno pode chegar no Brasil a patamares parecidos com países mais desenvolvidos. Para isso basta aumentar os investimentos em educação em 1% do PIB a cada ano até 2020, podendo reduzir depois dessa data. Por outro lado os gastos em assistência médico-hospitalar vão  aumentar, num prenúncio de que os cuidados com saúde tendem a se converter em um dos maiores desafios fiscais do Brasil.

Entre as oportunidades do “bônus demográfico” e as demandas que a ele darão sequência, temos a imensa possibilidade de trabalhar, promover o crescimento econômico e garantir os recursos necessários para prover saúde, educação e vida digna aos brasileiros.

Para as empresas, algumas oportunidades:

  • LONGEVIDADE: o número de brasileiros com mais de 60 anos que era de 14,5 milhões no ano 2000 passará para 28,3 milhões no ano de 2020. Além do aumento da população, eles terão quatro vezes mais capacidade de compra do que no ano 2000.  Isso vai demandar produtos eletrônicos adaptados, com teclas maiores e mais iluminadas, jogos recreativos, aparelhos para exercício moderado, passeios urbanos em grupo, eventos recreativos para a terceira idade. Na saúde,  cuidados domiciliares e um conjunto de soluções para prolongamento da vida com prazer (efeito Viagra).
  • CIDADES: Mais gente nas cidades: a população urbana passou de 77,6 % em 1995 para 86% em 2010. No ano de 2025 estima-se em 90,4%. Observa-se que cerca de sete milhões de pessoas moram sozinhos, representando 12% dos domicílios. Esse número vem aumentando. As oportunidades referem-se a um conjunto de soluções que vão desde bicicletas para uso coletivo, aplicativos para encontrar os melhores preços, informações sobre o trânsito, compartilhamento de veículos, passeadores de animais, comida fracionada, etc.
  • EDUCAÇÃO: Hoje 96% dos jovens estão estudando. No futuro os mais velhos também voltarão a estudar. As oportunidades serão cursos formais e profissionais, cursos livres, plataformas de aprendizado on-line, apoio escolar a domicílio, coaching de carreira, material didático, etc.

Aos alunos da aula de hoje no MBA ESAD: O que fazer com isso agora?

Fontes:

Josué Gomes da Silva. Folha de S.Paulo, 26/08/2012.

PME Exame, Agosto 2012, Edição 52.

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