Em 2019 o Brasil viveu um momento singular com o movimento da greve dos caminhoneiros.

Naqueles dias o que aconteceu foi um resultado de um impasse entre os interesses de alguns grupos de pessoas e a postura das autoridades e atores encarregados da direção.

No primeiro vídeo acima, abordamos como as dinâmicas de grupo e jogos de poder (Referenciais ISOR), estavam sendo utilizados nos momentos centrais da greve dos caminhoneiros; Movimento é construtivo, Jogos são destrutivos.

No segundo vídeo abaixo, voltamos a interpretação 3 dias após o início da Greve, observando as ações dos três grupo ( Oficiais, Oscilantes e Naturais).

COMO FUNCIONAM OS GRUPOS

“Os oscilantes é que pagam as contas da luta entre o oficial e o natural, sempre na esperança de dias melhores, prontos aos maiores sacrifícios para que isso aconteça”

Fonte: Instituto Holos (editado)

É possível compreender a convivência humana, analisando a dinâmica de grupos e jogos de poder por meio do campo tensorial grupal.

Tudo no Universo é energia, energia polarizada: pólos positivo, negativo e neutralizador; (elétron, próton e nêutron) – convergência, divergência e emergência.

É a Teoria do Princípio Triádico, princípio este presente em todos os níveis e esferas, presença comum a todas as realidades. O universo é tripular.

A Dinâmica de Grupo (ou Campo Tensorial Grupal) é o movimento gregário, no interior do qual se movimentam as pessoas, interligadas pela corrente energética gerada por este movimento. Também aqui se manifesta a tensão entre dois pólos, tendo um campo de oscilância entre eles.

Um dos pólos atua como ordenador e direcionador da energia grupal. Este é o Polo Oficial.

O outro polo age como força de mudança e redirecionamento da energia grupal. A este polo denominamos Polo Natural do grupo.

Oscilando entre estes pólos flui um campo neutralizador e estabilizador do sistema grupal, equilibrador das tendências, ao qual denominamos Polo Oscilante.

Quando estão em sinergia, em harmonia, geram o movimento.

O Movimento Oficial é o organizador, o coordenador, o condutor, que assume a ordem e o comando do grupo, dando-lhe direção e cuja autoridade é assumida pelos mesmos; É ele que faz o grupo funcionar dentro de seus objetivos, organizando o tempo de função da epigênese grupal.

O Movimento Natural é o inovador, o questionador, o transformador, atento a tudo que tende a se esgotar, É ele que prepara o grupo para a reformulação epigenética, evitando que o mesmo se desgaste em patinações ou mesmo explosões. Na nova epigênese é ele que pode se tornar o polo Oficial. Isso ocorre, por exemplo quando um grupo de oposição assume o poder numa eleição.

O Movimento Oscilante atua no grupo como o moderador das tensões polarizadas entre o oficial e o natural, como o cooperador, integrador. É ele que, ora pendendo para o movimento oficial, ora para o movimento natural, permite as articulações, tornando-se o conciliador dos extremos. Freqüentemente assume temporariamente a oficialidade do grupo na passagem da escalaridade da epigênese que se esgota para a atualização/reintegração grupal da nova epigênese, dando tempo a se firmar o novo campo de força grupal em sua nova função epigenética.

JOGOS DE PODER

Os grandes impasses em que mergulha a humanidade em sua evolução histórica, porém, acontecem em função do desequilíbrio energético provocado pelo jogo de poder, que quebra a harmonia dinâmica das polaridades energéticas.

Como o lado oficial é o regulador e coordenador do sistema grupal em seu funcionamento, ele tende a direcionar as quotas de energia que cabem aos outros dois lados, concentrando o máximo de energia sob seu controle e para sua própria sobrevivência e mantendo os demais apenas como seu suporte vital, com quotas de energia mínimas.

Isto gera tensões do lado natural, produz reações, faz o oscilante tender a se bandear para o lado natural, ameaçando uma reordenação do sistema. (População apoiando os Caminhoneiros!) 

O que eram movimentos energéticos grupais passam a ser jogos subgrupais. Os critérios de relação são substituídos por normas e leis, tanto mais inócuas e descumpridas, quanto mais o grupo se afasta dos critérios e refina seus jogos.

Para se manter no poder de controle do grupo, o subgrupo oficial vai se tornando progressivamente mais autoritário, castrador, ditador, manipulador das leis a seu favor (torna-se legalista e defende o “império das leis”), paternalista (para manter os oscilantes dependentes), encampador (invasor dos limites e fronteiras alheios), coercivo (impositivo e ameaçador para os oscilantes) e repressor do subgrupo natural, ao mesmo tempo que canoniza e condecora seus representantes e os “exemplos” de oscilantes bonzinhos e submissos; Essa é a prática do jogo do Autoritarismo.

Quando o subgrupo natural parte para a competição pelo poder com o oficial, passa a usar de todos os recursos para isto: faz obstrução aos projetos do oficial, provoca a anarquia no grupo (jogando a culpa no oficial para ganhar os oscilantes), tenta dividir as forças ligadas ao oficial (aproveitando e atiçando os jogos subgrupais dentro do oficial), instiga os oscilantes, procura gerar vítimas (mártires) para denunciar culpados (o oficial geralmente contra-ataca com mais sucesso, por ter mais recursos).

O discurso do subgrupo natural geralmente é virulento, idealista – e gosta de se encantar com seus próprios discursos. Pratica o jogo da Obstrução.

Os oscilantes é que pagam as contas da luta entre o oficial e o natural, sempre na esperança de dias melhores, prontos aos maiores sacrifícios para que isso aconteça. Na degeneração do sistema grupal (e macrogrupal também), os oscilantes reclamam, esperneiam, aplaudem, adulam (sobretudo suas lideranças), tentando tirar proveito da situação, barganhando seus apoios.

A maior parte, com o tempo, vai se tornando omissa, submissa, esperando as migalhas que lhe são atiradas ora por um, ora por outro dos lados que disputam seu apoio. Quando em conflito praticam o Jogo da Omissão.

Equilíbrio:

Um grupo caminha como um todo dinâmico quando aprende a conduzir seus movimentos de polarização, quando assume uma cosmovisão dinâmica e epigenética; quando o oficial cumpre sua função organizadora e direcionadora do sistema, mas abre espaço para que ocorram as mudanças necessárias, prepara a passagem de uma epigênese para outra, com as necessárias variâncias e alternâncias de lideranças – permite que as novas lideranças se preparem para assumir de forma mais comprometida com o todo suas ousadias de mudanças.

E pressuriza os oscilantes de modo a não cairem na omissão (corpo mole, preguiça, faz-de-conta), nem na barganha, mas participem como os elementos de equilíbrio dinâmico do grupo.

Observação: Este texto foi editado por Evaldo Bazeggio a partir do caderno de Holoprática. Embora no caderno de Holoprática não estejam citados os autores, seguramente são Maria Luiza Klein, Marcos Wunderlich e Renato Klein.

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