Ao longo da última década, o Brasil passou por transformações estimulantes. A entrada de milhões de pessoas no mercado de trabalho e o grande interesse externo por produtos nacionais colocou o Brasil entre as grandes economias mundiais. É pouco provável, no entanto, que a fase próspera continue se o país não aperfeiçoar a forma como sua máquina interna trabalha: o Brasil continua pra trás – e muito – em produtividade.
Segundo a LCA Consultores, a taxa média de desemprego no Brasil deve cair de 5,5% no ano passado para 5,3% em 2013. Com isso, serão criadas cerca de 1,5 milhões de vagas formais. Mesmo assim, o país não parece estar no caminho certo para ganhar produtividade.
Dados da The Conference Board mostram que o trabalhador nacional tem a produtividade consideravelmente inferior ás nações desenvolvidas, e fica atrás também dos outros países latinos. Embora ainda figure na frente de nações como Índia e China, o crescimento de 11% entre 2001 e 2011 é expressivamente menor ao dos trabalhadores chineses e indianos que desenvolveram sua produtividade em 183% e 67%, respectivamente. O Brasil por sua vez, regrediu o índice nos últimos anos. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que a produtividade no país havia subido 4,7% entre 2001 e 2006, mas caiu 0,9% nos cinco anos seguintes.
O desempenho baixo não acontece porque os brasileiros trabalhem pouco – aqui, trabalha-se mais tempo do que na maioria dos países ricos, cerca de 44 horas semanais. Na Alemanha, um trabalhador enfrenta uma média de 38 horas de trabalho por semana, mas é quatro vezes mais produtivo que um brasileiro. Isso ocorre devido ao histórico das prioridades de cada país ao longo de sua história. As nações que investiram na infraestrutura e educação trabalham de forma eficiente e geram mais riqueza.
A resposta para os passos largos que os asiáticos deram nos últimos anos está na estratégia de incorporar equipamentos mais modernos e investimentos consideráveis na educação e capacitação profissional, que continuam deficientes no Brasil. Os americanos têm, em média, 12 anos de escolaridade, enquanto a média brasileira é de apenas 7,5. O número de brasileiros com diploma universitário é quase o mesmo de 30 anos atrás, 11% da população.
Para garantir que o Brasil evolua em um país mais funcional, as organizações devem inovar e investir na capacitação de seus funcionários, uma iniciativa ainda muito modesta por aqui. As empresas também podem ganhar eficiência através investimentos em tecnologia e infraestrutura, mas para que se desenvolva a produtividade de forma efetiva, será necessária uma postura mais consciente do governo e das instituições. Assim, a nação terá uma base para o aumento da nossa eficiência econômica e do nosso desenvolvimento como um todo.
Fontes
“Agora vem a parte mais difícil” – Fabiane Stefano e Humberto Mais Júnior, EXAME – edição 1025, 03/10/2012. Editora Abril.
“O Milagre da Multiplicação” – Luís Artur Nogueira, Istoé Dinheiro Nº797 23/01/2013. Editora Três.