Pode ser coincidência, mas acredito que o modelo japonês de gestão está precisando de reformulação. Uma observação mais atenta nos acontecimentos recentes indica que alguma coisa estranha está ocorrendo com a eficiência e eficácia das grandes empresas japonesas. 

Dois exemplos:

Toyota: A famosa montadora de automóveis ainda mantém o título da maior do mundo, mas isso não vai durar. Em 2010, a empresa foi obrigada a fazer o maior recall do mundo ao admitir a necessidade de fazer inspeção e reparos em quase nove milhões de automóveis nos Estados Unidos. A partir desse episódio, tem perdido mercado de forma muito acentuada.

O golpe recente é a redução do fornecimento de peças pelas fábricas japonesas afetadas pelo tsunami e terremoto. Agora, tudo indica que perderá o posto de número um. Alguns analistas atribuem a queda da Toyota ao seu modelo de gestão do mérito. Pela cultura da empresa, é sinal de fraqueza levar problemas ao chefe (superior). No caso do recall nos Estados Unidos, muitos segmentos gerenciaiss sabiam dos problemas, mas não levaram aos superiores — que podiam contribuir para a solução. O próprio presidente da Toyota declarou, numa entrevista coletiva, ontem (11/05), “os últimos anos foram um período muito caótico”. “Mas eu, como presidente, e a empresa inteira aprendemos muito”, completou.

Sony: Alguns analistas consultados pelo the Wal Street Journal estimam que a empresa vai gastar mais de US$ 1 bilhão em medidas de segurança e prevenção ao incidente recente na rede de jogos PSN (Play Station Networks), em que hackers copiaram o cadastro de mais de 70 milhões de usuários. O presidente da empresa, Howard Stringer, pediu desculpas publicamente pelo fato da empresa ter permitido o vazamento de dados.

A invasão dos sistemas da Sony ocorreu no dia 19 de Abril, quando os engenheiros notaram que os servidores estavam reinicializando indevidamente. Posteriormente, confirmaram que os dados dos clientes haviam sido roubados. No dia 1º de maio, a Sony descobriu que outra rede de sua propriedade (Sony Online) também tinha sido invadida.

Alguns rumores indicam que há uma disputa entre a Sony e o gênio da programação de 21 anos, George Hotz. Tudo indica que grupos da hackers tomaram as dores de Hotz por conta de um processo que a Sony move contra ele.

Poderíamos citar outros exemplos como o da gestão da central nuclear Fukushima 1, no nordeste do Japão, onde a empresa demonstra falta de competência para gerir uma crise previsível.

Minha conclusão é de que o modelo de gestão dessas organizações precisa de reformulação urgente. São deficiência que indicam a inadequação desse modelo aos novos tempos. Voltarei ao assunto.

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