Numa tarde de janeiro de 1976 Peter Drucker dava uma aula em Claremont, Califórnia. Falava sobre o poder das perguntas. Um aluno indagou sobre “Como saber qual a pergunta certa?”. O aluno comentou, para o professor, que tem experiência em muitas empresas é fácil usar sua expertise na elaboração de perguntas.
Para surpresa de todos, Drucker afirmou:
“Nunca faço perguntas, nem oriento meu trabalho com base em conhecimento e experiência sobre empresas e setores. Ocorre exatamente o oposto, não uso minha experiência e levo comigo somente minha ignorância. A tábula rasa é a ferramenta mais importante para ajudar alguém a resolver qualquer problema.” (Fonte Cohen, Willian. Uma aula com Drucker, 2008, p. 63).
Resumindo a visão de Drucker naquela aula: A ignorância não é algo tão ruim, quando bem usado.
Relendo isso agora, na crise COVID 19, comecei a refletir: Como aplicar a aula de Drucker?
Tudo indica que vamos reinventar nossas práticas, nossos modelos e até nossas profissões. Para isso será necessário sair do zero pois as experiências podem ser inúteis. É impossível deixar de lado todo o conhecimento, afinal é preciso saber de onde começar. O grande perigo está em confiar na expertise no momento de ruptura, pois nossos referenciais não servem mais. O certo é organizar os recursos sem nenhuma hipótese. Nossa mente racional pode organizar informações mas a mente intuitiva é que deverá agir.
Thomas Edison ficava sentado num quarto escuro, às vezes por horas, até ter alguma idéia – teve centenas de inventos reconhecidos; Albert Einstein também afirmou que concebera a teoria da relatividade sozinho fechando os olhos e se vendo montado num raio de luz, imaginando o que aconteceria com o tempo na terra durante sua cavalgada à velocidade da luz. (Cohen, 2008, p. 72).
O desafio é fechar os olhos e ficar no quarto escuro. Você não precisa ter medo da própria incapacidade de resolver um problema novo.